... " Quero dormir e sonhar

um sonho que em cor me afogue:

verdes e azuis de Renoir

amarelos de Van Gogh." ...

António Gedeão
(1956)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Como Velázquez e Bacon pintaram Inocêncio X


O Papa Inocêncio X visto por dois pintores:


Diego Rodriguez de Silva y Velázquez
"Papa Inocêncio X"
1650
Óleo sobre tela, 140x120 cm
Galleria Doria Pamphilj , Roma

Velázquez dedicou a maior parte do seu trabalho à execução de retratos das gentes da corte.
Na sua condição de pintor da corte de Filipe IV de Espanha recebeu muitas encomendas e aquando da sua segunda visita a Itália pintou o retrato do Papa Inocêncio X (1650).
Ao executar este quadro escolheu uma composição e uma paleta de cores inspirada nos quadros de Rafael, Ticiano e outros pintores do Renascimento Italiano. 
É de realçar o excepcional realismo com que Velázquez pintou o rosto do Papa Inocêncio X.


Em 1953 Francis Bacon elaborou, a partir desta obra, um estudo do retrato do Papa Inocêncio X.


Francis Bacon
"Estudo segundo o retrato do Papa Inocêncio X de Velázquez"
1953
Óleo sobre tela, 153x118 cm
Des Moines Art Center

Com este estudo, Bacon pretende mostrar a condição humana no período pós-guerra.
O fim da II Guerra Mundial trouxe uma sensação de alívio face ao fim dos horrores da guerra, mas uma nova ordem mundial nasceu: de um lado a União Soviética, do outro os Estados Unidos da América. Estas duas novas superpotências, através da posse de armas de destruição maciça, ameaçaram, como nunca, a paz mundial. Foi neste ambiente que Francis Bacon elaborou este estudo, procurando transmitir a ansiedade, a aflição e a alienação características do pós-guerra.

Na obra de Bacon, o Papa Inocêncio X aparece aprisionado, soltando um grito para mostrar o desespero e a desilusão em que a humanidade se encontrava face à ameaça de bomba.

"Enquanto a obra de Velázquez transmite uma confiança serena derivada da autoridade papal, a de Bacon exprime sofrimento e tormento". *

O`Mahony, Mike-"O Estilo Internacional" - in História da Arte no Ocidente - Editorial Verbo, Lisboa, 2006

5 comentários:

  1. Do meu ponto de vista, Bacon revelou o já revelado de Velázquez. Diego não pintou o homem, Diego pintou a essência. Bacon pondo-se no ponto de vista de Velásquez, representou de uma forma mais evidente o grito contido no retrato de Inocêncio por Velázquez. Este primeiro retrato pinta uma horrível raiva contida no corpo de um mero homem. As garras, o lábio fino , a expressão animalesca...

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  2. O Papa é um mero homem como escreveu Marcos Teixeira, assim os outros 7 bilhões deste planeta, mas é um ser humano diferenciado que merece o respeito de todos os outros, assim como tb dizem que o presidente dos EUA é o mais poderoso do mundo tb é um mero ser humano com prazo de validade do seu poder ja pre-determinado, mas, enquanto la esta merece as honras daquela nação, enquanto o Papa e o papado serão eternos até no fim dos tempos.

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